A FORÇA DO TEMPO
Como fazer poema se quando perscruto
Meu íntimo nem mesmo eco ouço?
Oh não! Ouço o eco da voz da mulher que amei
A ponto de me perder de amor! Que diz? Não sei!
Mas a diapasão da voz que ouço já não me agrada,
Se antes soava como o próprio amor, hoje – é nada!
A franqueza do tempo para comigo é implacável,
Os sulcos que deixa em minha pele de longe são notáveis!
Como se o exterior não bastasse o Cruel Devorador
Suga as energias, a beleza do meu mundo interior!
Minha alegria, a esperança que moravam em meus olhos,
Sem força, lutam para manter uma mínima brasa acesa!
Meu porte altivo curva-se sobre mim mesmo – os olhos
Hipnotizados pelo chão já não querem ver outra coisa!
Última instantância o pensamento destoa – potente
Como sempre, é um vulcão em atividade constante!
Mas, o corpo já não é o de antes – cada vez mais lento,
Não acompanha o pensamente, sente o peso da idade!