Tardes claras de Abril
O tempo passou num soluço
A vida é sincera, ou não fomos
Sinceros com a vida?
Os nossos sonhos feneceram
Como os trigais no vale
Sem as bençãos da chuva
Ou os afagos do sol
Passou a doce menina esperança
A velha senhora saudade
As mãos vazias ficaram
A esperar de nós um aceno
Ah! Se ao menos pudessemos nos despedir
Com os olhos abertos, com os olhos sinceros
Encharcados de afetos, inundados de lágrimas
Irreversíveis como o perdão
Teria valido a pena nós dois,
As primeiras tardes de abril,
E nas tardes claras de abril
Esperar a primeira estrela brilhar.