Poema a Drummond

a Drummond

o homem mina

sem picareta ou bateia

mina com ideias

colhe com rimas:

uma pedra bruta

dobra’o ser como sereia

ressecando, areia

vive toda múltipla:

Toda maquinário

assassina que não engrena

e só foge, só fica,

assassina-testemunha:

Quem culpa’a pedra?

O mineiro que menta

que distingue rosa no escuro

a rosa de aluvião.

Quem pôs a pedra em seu lugar?

O poeta que mina

e bate com sílaba

e funde com pranto.

O triste homem, mineiro,

põe a pedra e a contempla,

põe a pedra e a contempla,

com estupor irritante.

Uma pepita sem valor

máquina emperrada

que não abre, que não funciona.

Mói o trigo com toda harmonia

serve a palha

em cumbucas

dedilham larvas.

Põe pedra e retira vida. Põe vida e retira pedra. Respira. Põe pedra e retira pedra. Às vezes sai vida, às vezes sai nada, sempre sai pedra.

São Paulo de Piratininga, 3 de outubro de 2011 ou 457

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 03/11/2011
Código do texto: T3314975
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