Assassinar

Todos perdidos na beirada do mundo.

Viver tem gosto azedo de solidão e pó.

Se fossem verdadeiras aquelas praias

e os amores que se juram sem fim,

seria menos inútil viver desejando

o que é meu, mas escapa de mim.

Que então morra a espera e a ilusão,

que seja de pouca valia a escuridão,

pois o sol se estabelece no céu tedioso,

e vejo as faces, realmente como estão.

Envoltas em delírios de pouca grandeza,

de serem definitivas como a traição.

São faces ocultas, sob o peso de minhas botas,

que silenciam seu ódio, quando desconhecem a razão.

Não me entenda, não me leia, não me admire.

Estou nu, e da nudez se escarnece.

Se de meus genitais entendem a indecência,

o que se entende dos crimes sob suas saias?