Negra Vida

Me chamaram de vil, leviano e soberbo;

Eu, que vim de um acidente espermático;

Dos sujos e dos calos da vida,

Das nebulosas feras feridas,

Dos vermes e de seus catarros.

Agora corro e falo!

Falo das guerras, das leviandades, da hipocrisia;

Das rudes e vilânicas soberanias;

Das perseguições e seus descontentos.

E fico em meus pensamentos

Lembrando das oportunidades negadas por não ter cor de pele esbranquiçada.

Pego um revólver,ponho a bala.

Minha cabeça será sua última parada.

Aponto o revólver, puxo o gatilho...

Paulo Domac
Enviado por Paulo Domac em 29/12/2006
Código do texto: T331343