DEGRAUS DA VIDA
Do bebê saudável que fomos outrora,
Carregamos no peito a sombra da inocência.
Da criança feliz, sapeca e arteira,
Ainda resguardamos na mente, certa saliência.
Até o adolescente peralta e rebelde,
Às vezes, quer manifestar a sua prepotência.
Daquele jovem esbelto e intrépido,
Recordamos com saudade a sua resistência.
Do homem feito, admiramos orgulhoso,
Seu semblante leal, de volúpia e competência.
Do senhor responsável que aposentamos,
Conservamos o cheiro de toda a experiência.
E hoje o idoso salutar, saboreia os louros
Conquistados nos árduos anos da existência.
Só não conhecemos ainda o ancião...
Dele nada sabemos, mas tecemos inferência.
E rezamos para que o encontremos bem,
Talvez com menos disposição e eficiência.
Que apresente um leve esforço no andar,
Mas que isso não lhe cause dependência.
Pode ocorrer até um turvamento nas vistas,
Porém que se mantenha a boa consciência.
Que conte histórias para as suas crianças.
Que transmita esperança e seja referência.
Que esteja sempre cercado por mil amigos,
E lacre sua missão, segundo a Providência.