INTROSPECÇÃO

O que tenho sido?
O que sou agora?
Como me vêem os outros?
Com que olhos?

Tiro a fantasia,
afasto o tédio,
tento invadir
o meu espírito fechado.

O que vejo?
Cruzes de idéias mortas,
poemas perdidos,
palavras soltas ao léu.

Tenho um amor
e não o mereço.
Mas se me foi dado,
por que rejeitá-lo?

Tenho um ódio
e devo contê-lo.
Se o deixo explodir,
permanecerei vivo?

Sou um só.
Sinto-me tantos.
Verdades e mentiras,
máscaras e omissões:
sou igual a todos.