O Rio Testemunha

O rio passava quieto

entre os pés de Chorão e as pedras lisas.

Os sabiás cantavam.

A terra era só vegetação.

Era o povo indígena que ali vivia

Fazendo de tudo aquilo sua morada divina.

Dividia a vida com a natureza

O rio, entre pedras, seguia seu rumo

Deliciosamente, serpenteava os morros e vales.

Da vegetação serrada e intensa,

O rio via o tempo passar.

Ora ligeiro ora turvo ora límpido ora bem devagar...

O rio viu o trem chegar

pela estrada de ferro!

Era o progresso trazendo gente para trabalhar!

O apito estridente na estação

Anunciava o desembarque

De outros povos, braços fortes.

Uns em busca de alegria, de terra para plantar e de pão e mesa farta.

Outros de trabalho, de paz e sossego, longe da crueldade da guerra.

Todos em busca de uma vida plena e feliz.

O rio dividia sonhos e lutas por vidas melhores.

Nas encostas de morros e vales, as parreiras cresciam verdes.

Assim como outras árvores frutíferas da região.

Por um bom tempo, os pés esmagaram as uvas

tirando delas o mais saboroso vinho.

O rio via tudo!

Via o povo na labuta dos dias!

Muitas vezes sem tempo para diversão.

A vila cresceu.

Tornou-se cidade!

O apito da fábrica de frigorífico há tanto

Era o sustento e o trabalho para muitos.

Principalmente para aqueles que fizeram da luta por dias melhores o seu lema de vida

O rio, quieto, entre as pedras e as folhas dos Chorões,

Viu a capital catarinense da uva nascer.

Videira uniu as duas margens do rio.

E a sua história teve aquelas mesmas águas como testemunha.