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E se você não sentisse medo?

Certamente se calaria.

Mas por ser meio, e não inteiro,

por ser covarde, e não digno,

é que tais coisas impinge

ao mundo que lhe observa.

E Observa sua face mais preguiçosa,

cujas palavras se aglomeram óbvias,

numa arte tão desgastada

quanto a de dizer o vazio.

E se você morresse?

Morreria também sua eternidade,

que dura minutos, ou poucas horas

até que as mesmas palavras reapareçam,

randômica e parvamente,

num poema de amor sofrível,

pelas mãos sem talento

de um poeta carente.