Auto-retrato

Após o banho cabelos molhados, ainda de roupão pus-me à frente do espelho...

Assustei-me!

Quem era aquela desconhecida entre a moldura do espelho refletida?

Meu Deus! Será que ela sou eu?

Esse olhar não pertence a mim e este sorriso definitivamente não é meu, ela já não acompanha os meus gestos, e os gestos dela também não são os meus.

Então quem eu sou?

E quem é esta que o espelho teima em colocar a minha frente?

Que jogo mais louco este de objeto refletido e reflexo do objeto. Este reflexo que não é meu posto que o objeto sou eu.

Se até o espelho que tem a magia de copiar-me e mostrar a minha própria imagem, torna-se incapaz de ser nítido e expor de maneira exata o meu auto-retrato.

Quem é? Esta figura emoldurada!

Esta não sou eu, digo novamente não sou eu, e repito milhões de vezes: Não sou eu!

Ela me transcende:

Tem sonhos que não sonhei...

Alegrias que eu não senti...

Esperanças que não tenho...

Brilho que em mim se ofuscou...

Sorrisos que eu já não dou...

Será que esta fui eu, ou serei eu em outra vida?

Será mesmo ela o meu reflexo ou o reflexo dela sou eu?

(Jin Oliveira, Araci- Ba, 20 de setembro de 2011)

JiN Oliveira
Enviado por JiN Oliveira em 31/10/2011
Código do texto: T3308606
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.