Ah eu, há tanto tempo homem débil de fé,
separado ficando, há tanto tempo negando porções,
hoje apenas preocupado com a compacta verdade
difusa em
tudo,
hoje ainda descobrindo mentira não haver
nem forma de mentira,
e nenhuma haverá
que não evolua sobre si mesma inevitavelmente
como a
verdade faz
ou como qualquer princípio da terra ou qualquer
dos produtos
naturais que a terra elabora.

curioso isso e pode não ser avaliado imediatamente,
mas há de ser avaliado: eu sinto em mim
que represento falsidades igualmente com o
resto,
e assim faz o universo.)

Onde é que já faltou uma resposta perfeita indiferente
a
mentiras ou verdades?
Está na terra ou na água ou no fogo?
Ou no espírito humano?

Ou na carne e no sangue?
Pensando entre mentirosos e voltando a mim mesmo
ponderado
vejo que realmente mentirosos não existem,
nem mentiras
afinal,
e que não fica nada sem perfeita resposta,
e o que se dizem
mentiras são perfeitas respostas,
e cada coisa representa exatamente a si mesma
e ao que a
precedeu,
e a verdade inclui tudo e é tão compacta
como compacto é
o espaço,
e não há brecha ou vácuo na soma da verdade -
porém tudo é verdade, sem exceção;
e daqui por diante vou celebrar tudo que vejo e sou,
cantando e rindo e mais nada negando.
                                                                            
(tradução de Geir Campos)


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        Whitman,  Walt.  Folhas de Relva.  Seleção 
          e tradução de Geir Campos.  Ilustrações de 
          Darcy Penteado.  Ed. Civilização Brasileira. 
          Rio de Janeiro, 1964.   



Walt Whitman (EUA)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 29/10/2011
Reeditado em 29/10/2011
Código do texto: T3305562