S. MARTINHO
Naquele dia de outono
mas de uma tal tempestade
que o céu era medonho
e a chuva sem piedade,
cavalgava Martinho
envolto no seu manto,
quando à beira do caminho
algo o fez parar de espanto.
Era um pobre que gemia
de frio, de dor e fraqueza
e Martinho com ligeireza,
tomado de compaixão
pelo ser que assim sofria,
em dois seu manto cortava
e o pobre, com amor, tapava.
De repente, como presente
por tal gesto de nobreza,
logo toda a natureza
se enfeitou de um sol quente,
brilhante de felicidade
num céu azul radioso,
talvez de Martinho vaidoso,
que mais parecia um milagre.
Depois, por édito Divino
neste dia belo e sem par
e dedicado a Martinho
que teve honras de altar,
o sol é quente, qual verão,
aquecendo o coração
dos homens, como lembrança
que na Vida há sempre esperança.