TERRA AMADA
Regresso à terra amada
Desarmada, como nos tempos de outrora.
O pé direito invade o solo, o coração samba no peito
Ufa! Respiro e aspiro o ar de minha terra amada
E aqui a mochila não pesa tanto como na terra estrangeira.
O sorriso transcende, num flash
E a alma levita fagueira, ao vê-la
Esperando-me no portão, maternal e saudosa
Mais amada do que nunca, mais pintura do que gente.
De repente chove alegria, no céu límpido do meu quintal
E o cheiro de terra molhada, irriga o deserto em mim
Levando contigo, a tristeza, que noutras terras adquiri.
Fecho os olhos, transporto-me, nasço outra vez
E numa ciranda, de mãos dadas, amigos de minha infância
Cantando, sorrindo e brincando, sem culpa.
O tempo passa, numa velocidade particular
Tudo posso, tudo faço, todos amo
Durmo pouco, sonho muito, degusto cada segundo.
De repente amanhece, memória desperta, é chegada a hora.
A mala não está arrumada
E a passagem não comprei
Ela pergunta: voltarás em breve?
E nas lágrimas uma simples resposta: não sei.
Deixo a terra amada, enquanto acenos me acompanham
E quando olho a mochila
Coisas que ela deixou
Pedaços de minha terra amada.
A fotografia, o livro e o vestido de chita que jamais usei.
Então a constatação: deixei a terra amada, mas ela me acompanhou.