TERRA AMADA

Regresso à terra amada

Desarmada, como nos tempos de outrora.

O pé direito invade o solo, o coração samba no peito

Ufa! Respiro e aspiro o ar de minha terra amada

E aqui a mochila não pesa tanto como na terra estrangeira.

O sorriso transcende, num flash

E a alma levita fagueira, ao vê-la

Esperando-me no portão, maternal e saudosa

Mais amada do que nunca, mais pintura do que gente.

De repente chove alegria, no céu límpido do meu quintal

E o cheiro de terra molhada, irriga o deserto em mim

Levando contigo, a tristeza, que noutras terras adquiri.

Fecho os olhos, transporto-me, nasço outra vez

E numa ciranda, de mãos dadas, amigos de minha infância

Cantando, sorrindo e brincando, sem culpa.

O tempo passa, numa velocidade particular

Tudo posso, tudo faço, todos amo

Durmo pouco, sonho muito, degusto cada segundo.

De repente amanhece, memória desperta, é chegada a hora.

A mala não está arrumada

E a passagem não comprei

Ela pergunta: voltarás em breve?

E nas lágrimas uma simples resposta: não sei.

Deixo a terra amada, enquanto acenos me acompanham

E quando olho a mochila

Coisas que ela deixou

Pedaços de minha terra amada.

A fotografia, o livro e o vestido de chita que jamais usei.

Então a constatação: deixei a terra amada, mas ela me acompanhou.

Lenier
Enviado por Lenier em 28/10/2011
Código do texto: T3303414
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