Sexagenária

Desde agora quase tudo me será permitido,

pois volto a ser criança

e resgato a ingenuidade

e o não ter medo do ridículo.

De hoje em diante,

por motivo de minha recém conquistada liberdade

de ser velha-criança,

continuo a ter a esperança

que nunca perdi,

a sonhar todos os sonhos

que nunca deixei de sonhar,

a cantar, ainda que desafinada,

todas as canções que quiser,

inclusive e sobretudo as fora de moda.

Não rompo laços

porque nunca estive amarrada.

Insisto e persisto, como sempre,

a viver em paz comigo mesma,

com o mundo,

com o riso e a alegria.

Hoje é só uma data,

apenas um dia entre o ontem e o amanhã,

somente símbolo a confirmar

que o importante,

o real, o verdadeiro,

é amar e ser feliz.

Lu Narbot

Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004

Lu Narbot
Enviado por Lu Narbot em 28/10/2011
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T3303060
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