Sexagenária
Desde agora quase tudo me será permitido,
pois volto a ser criança
e resgato a ingenuidade
e o não ter medo do ridículo.
De hoje em diante,
por motivo de minha recém conquistada liberdade
de ser velha-criança,
continuo a ter a esperança
que nunca perdi,
a sonhar todos os sonhos
que nunca deixei de sonhar,
a cantar, ainda que desafinada,
todas as canções que quiser,
inclusive e sobretudo as fora de moda.
Não rompo laços
porque nunca estive amarrada.
Insisto e persisto, como sempre,
a viver em paz comigo mesma,
com o mundo,
com o riso e a alegria.
Hoje é só uma data,
apenas um dia entre o ontem e o amanhã,
somente símbolo a confirmar
que o importante,
o real, o verdadeiro,
é amar e ser feliz.
Lu Narbot
Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004