[Revoada para o Nascente]
Ao nascer do sol, os pássaros...
milhares deles caminham na areia!
Debicam-se, pulam uns sobre os outros,
entrechocam-se as asas ansiosas:
aprontam o voo rumo ao nascente,
mas, no entanto, tarda a revoada...
Ao amanhecer, eu não tenho asas...
sou terrestre, ou sou lacustre, sei lá...
Mas apresto-me: sei que será mais um dia acre...
E ao entardecer, quando eu voltar,
terei as mãos vazias, pois o que eu fui buscar,
era nada, apenas o nada de sempre!
Mas a imaginação é ancha; o mundo, infinito...
Amanhã cedo, estarei à espera da revoada
dos seres alados que voam para o nascente,
fértil nascente de promessas, por certo...
[Penas do Desterro, 28 de outubro de 2011]