Emociono-me sempre que ao acordar
Presencio o milagre de renascer
Todos os dias, após a morte calar
A voz, como no cinema, e a Deus ver.

Emociono-me ao olhar do dia o jornal
Constatar do peixe a mortandade;
O silenciar do homem que, amoral
Utiliza instrumentos sem capacidade

Emociono-me por perder o humor,
Que a beleza, todo deslumbramento
Que Deus nos deu na natureza em cor,
Estão condenados sem julgamento

Emociono-me com a “esperteza” do homem;
que sua seca história está no jornal
Numa linguagem em desvantagem;
Desperdiça o bem em favor do mal.

Emociono-me com palavras de papel
Faladas sem jeito, lidas sem leitura
Estampadas no jornal, jogadas ao léu
Mostrando ao mundo a falta de cultura

Emociono-me por perceber a vida
Se despedindo do planeta, morrendo
Cada dia um pouco, que acorda ferida
Sabendo que estamos desaprendendo