O TEMPO É CINZA QUE CAI E ESFRIA SOBRE A PELE
O tempo é cinza que cai
E esfria sobre a pele;
Vida em manifestações primeiras
Choro de rútilas lágrimas
Vértice que segue o seu
caminho infinito;
É som de badalares matutinos do Amor
Sobrepondo rotas, magneto irregular que provoca as retinas
Ao pôr-do-sol sempre presente
Nuns olhos fugazes voltados
além do horizonte;
Fogo a consumir os dias,
Noites exaltadas em sinédrios
e flama de ébrios que fogem
Do tempo presente, buscando Verdade
no seu vai e vem;
A vida edificada, destruída, reconstrói-se
Com os seus remendos talhados pela cinza
do tempo, cinza que arde na alvorada
E apaga-se no lusco-fusco, a cada dia
imperceptível derradeiro.
E vivemos todos nos desfazendo em pó
Para assim voltar a ser,
Sem sentir o tempo
Na metamorfose da cinza que cai
e esfria sobre a pele.