Megaira
Dos teus terríveis olhos vejo escorrer sangue
Serpentes pegajosas entrançam-lhe os cabelos
Incansável, persegues voraz a vítima exangue
Rancor implacável que não cede aos apelos.
Megaira! Encarnas a cruel raiva, o ódio ciumento
Inveja feroz, que em tuas asas negras arrebatas
Aqueles que ultrajaram a dádiva do sentimento
Que violaram votos em prol de ilusões insensatas!
Tu nunca descansas, nem descanso podes dar
A quem te caiu nas garras, presa de tua sanha
Tu gritas incessantemente, em vitupérios a condenar
O perjúrio cometido e a culpa que o acompanha.
Ferrenha perseguidora, cólera que desconhece o perdão
Vingança personificada, a perda não podes restituir
Apesar disso, ainda invocam teu nome em reparação
Da ofensa sofrida, que só o esquecimento pode dirimir!