Casa
Sol e chuva, com o passar do tempo,
irão castigar as ilusões 
e a distância, levitará meu corpo. 
                   O futuro será longínquo.

Os tempos ternos, os velhos ternos
presos ao armário, foram de festa.

A casa velha, teias no teto,
espaço porto dos insetos...
Ainda assim, estarei longe.

Lágrima
Dolorosa, petrificada, estancada na cara.
Poeira e vento de amargas vanguardas
levando-nos ainda mais
                     a paragens mais ainda distantes.
Para trás ficando faces lagrimadas.
Como a de meu pai chorando
ao nos despedirmos na rodoviária.

Saudade das terras, essas mulheres amadas...
Como posso voltar ao lugar que o coração não deixou?
Fecho os olhos, e a onisciência dos sonhos levam-me para lá.
Ainda assim a dor da saudade, não se esvai.

Vinho
Doce, estragado, para uns para outros.
Eu sou o outro que não viveu o doce do vinho,
embriaga-me a lembrança do doce.

Destino
Poema, não poderei morrer sem voltar.
Não viverei esta dor, sem o lugar
que o coração não deixou...
Os tempos ternos... Os velhos ternos,
Teias de aranha: - meu espaço porto.
Eu que sou o inseto, ainda assim
estarei perto, não estarei morto.

                     

Vilhena/RO, em algum dia de 1989.


​Poema em homenagem à Família Casado.
Foto: Casa em que fui criado entre os anos de 1969 e 1987.