Velhice
Às vezes fico no silencio tentando ouvir o abstrato
Mas só o que escuto é mau humor e o tempo se mover
Tento enxergar o tempo
Mas só vejo minhas expressões desgastadas
Deixo o tempo fazer sua parte
Resta-me seguir um caminho leve
Procurando no sereno o doce orvalho
O poço de água apresenta um ser diferente
Uma contradição com o espelho
Vejo a realidade nua e crua
Sem nenhuma reação vem o contentamento
Surgi o peso da velhice
Todos passam, mas ninguém quer
Chorar, gritar ou soluçar
Preparar o espírito é o caminho
Mudar o destino
É como pisar em galhos com espinhos
Aos poucos surgem as feridas
São os efeitos da mudança do percurso
A vida regrada
Alimenta os defeitos da alma
E exerce uma harmonia peculiar
Na singela sensibilidade da natureza.