ESSE POEMA É MEU
Esperar os sentimentos morrerem
para realizar a autópsia.
Preciso escutar a voz
o som
o silêncio que os pássaros possuem.
Preciso do olhar preciso
para examinar
minuciosamente
a vida
a despedida afobada
a alma esquecida
aquecida na calma que já não existe mais.
Identificar detalhes
e os entalhes são tão pequenos
espalhados por todos os cantos
do seu corpo branco
já frio pela ausência,
e não há ciência
que explique a saudade que dói
e esse poema é meu
esse poema sou eu
esse poema é seu
basta que o roube
e reescreva ao seu gosto.
Reflexos no espelho
Olheiras e cansaço
espaço que permanece complexo.
Água no rosto
coração morto coração reposto
sono decomposto
por horas de desgosto.
Esperar as emoções morrerem
para realizar a autópsia.
Até quando?
Agrupar as peças
e não há nada que impeça
a figura ímpar se tornar par
hoje eu quero mesmo me atrasar
esquecer que existe como voltar
revoltar o tempo.
Que tudo seja pleno
que a metade seja bastante
que a fração que sobra
seja abundante e suficiente
para que tudo seja eterno
e não mais lembrado
ao ser declamado em versos.
Que tudo seja verdade
e se o amor não for o que penso
que seja intenso e quente
como o Sol que ilumina a manhã
e arde a pele.