negro lobo solitário
as mãos em concha bebo água gesto milenar
o lago é um espelho no qual enfim não mais me vejo
livre despeja-se meu olhar e vejo na noite
o perfume dourado e insensato do outono a flutuar
enfeitiçando cada árvore planta flor fruta bicho dessa floresta bávara
onde canto vez por outra e vez por outra assalto a mão armada
onde toda noite é noite de lua de prata ensolarada
e há um imenso lobo negro que sempre uiva para ela
solitário lobo mais perigoso que senda bêbada
beirando abismo absoluto em noite emaranhada
negro lobo imenso raivoso com gana de guerra
e desejos sem rédeas nem coleira
a lua que se cuide se quer ficar onde está
que se cuide cada qual se quer ficar inteiro
as mãos em concha bebo o luar gesto de amor
enquanto pensativamente olho nos olhos
de um lobo negro imenso solitário
no espelho rachado
do retrovisor
by@wanda lins
(D.A.)reservados