Despido de Ilusões

Andei pelo caminho e vi pessoas:

Iam como eu e vinham

VINHOS.

Montes de carnes e ossos

PÃES.

Misérias e mazelas

Vaidades e presunções.

Vi a velha.

Pobre.

Feia.

Desgastada.

Estuprada pelo tempo.

(será que era tão velha quanto parecia ser?)

Vi o senhor em seus trajes

Garboso.

Vi a senhora.

Se tirasse a maquilagem

Seria tão feia quanto a velha.

Prostituída pelos seus preconceitos

Gargantilha de dogmas trazia-lhe o pescoço preso.

_a paga da rica prostituta, suas jóias

seus cosméticos

sua vida inútil

Vi o rapaz se gabando

Achava-se o alfa e o zê.

Vi a moça.

Sorridente.

Sentia-se a fina flor do lago

Achava que todos os olhares eram para ela

Lhe desejando

Lhe invejando

Não se importa se tornará a bem sucedida pelos próprios méritos

Ou a prostituta do marido.

Idade do ouro

Ilusão que se perderá.

Vi a mim mesmo.

Mazelas. Misérias. Vaidade. Presunção.

G.R.A.F.O.M.A.N.Í.A.C.O.

Monte de carne e osso,

Prostituído com ideias e emoções

Estuprado pelo tempo

Tratorado pela vida que me despiu das ilusões

(será que sou o bem que aparento ser?)

O ESPELHO

me pôs

nu.

PELADO

L.L. Bcena, 26/05/2000

POEMA 501 – CADERNO: GUERRA DOS MUNDOS.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 26/10/2011
Código do texto: T3298968
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