O SINO

Blem blem blem blem blem blem

Bate o sino de todas as almas

O sino da velha igreja

Da casa de Deus, onde o amor viceja

Enquanto o diabo ronda na praça

Bate forte o sino

Em todos os corações

Retumba nos ossos, no peito, nos pulmões

Bate cerebral o sino, a sina, o sinal

Blem blem blem blem blem blem

Velhinhos proseiam num banco

A sabedoria de um século

Meninos chutam uma bola de meia

Como quem chuta as responsabilidades para depois

Meninas pulam corda

Num desafio da habilidade que acorda

E senhoras elegantes

Tricotam receitas de vestidos e bolos

Blem blem blem blem blem blem

Seis badaladas decididas

Bronze no bronze

A ecoar longe nos campos

A hora da santa

Da Ave Maria

Do Pai Nosso

A hora do orgulho da obrigação

E da esperança da fé

Blem blem blem blem blem blem

O louco declama no meio da praça

Sua poesia de vida, cheio de graça

Professa sua crença

Na certeza da morte, nossa mesma doença

Que a todos calou

E a todos calará

E não restará

Outro destino... Nem para o sino

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 26/10/2011
Reeditado em 26/10/2011
Código do texto: T3298856