O SINO
Blem blem blem blem blem blem
Bate o sino de todas as almas
O sino da velha igreja
Da casa de Deus, onde o amor viceja
Enquanto o diabo ronda na praça
Bate forte o sino
Em todos os corações
Retumba nos ossos, no peito, nos pulmões
Bate cerebral o sino, a sina, o sinal
Blem blem blem blem blem blem
Velhinhos proseiam num banco
A sabedoria de um século
Meninos chutam uma bola de meia
Como quem chuta as responsabilidades para depois
Meninas pulam corda
Num desafio da habilidade que acorda
E senhoras elegantes
Tricotam receitas de vestidos e bolos
Blem blem blem blem blem blem
Seis badaladas decididas
Bronze no bronze
A ecoar longe nos campos
A hora da santa
Da Ave Maria
Do Pai Nosso
A hora do orgulho da obrigação
E da esperança da fé
Blem blem blem blem blem blem
O louco declama no meio da praça
Sua poesia de vida, cheio de graça
Professa sua crença
Na certeza da morte, nossa mesma doença
Que a todos calou
E a todos calará
E não restará
Outro destino... Nem para o sino