TÚNEL DO TEMPO
No túnel do tempo eu sou
Alguma centelha errante
Sou lágrima perambulante
No triste gemer da sorte
Eu sou o riso da sombra
Em um casebre vazio
Sou o grito do arrepio
Na lápide fria da morte
No túnel do tempo eu sou
Um amor desgovernado
Uma busca massacrada
Sem um aceno de adeus
Sou hosanas de piedade
No portal do esquecimento
Revendo o apodrecimento
Dos sonhos que foram meus
No túnel do tempo eu sou
O último osculo vivido
Sou um corpo possuído
Pelo fantasma do medo
Sou a treva renascendo
Das entranhas da desgraça
Eu sou o fruto devasso
De um estranho segredo
No túnel do tempo eu sou
O marasmo do perdão
Buscando a suprema-unção
Dos vermes que quer meu ser
Sou a multidão que segue
Os restos de meus despojos
Eu sou os ais temerosos
De quem não soube viver
Eu sou o fim de um momento
No velho túnel do tempo
Onde me deixei morrer!!!