Ingenuidade poética
Então –
nós, poetas,
sofremos de certas doenças,
tais essas que só nós,
por sermos dessa casta tão peculiar (e confusa),
sofremos.
Todos nós passamos por algumas delas
a que mais vejo por aí
chamo de ingenuidade poética
é a ingenuidade
só que escrita e publicada.
Ingenuidade não é ruim
desde que seja verdadeira,
se é que me entendem.
Qualquer sentimento bruto (por ser sincero)
é melhor que um sentimento modelado (pela possibilidade de ser falso).
Se você está sofrendo de ingenuidade poética
tenha certeza de que está sendo ingênuo de verdade.
Ser poeta, aliás,
é um auto-título
ninguém clama
"agora, meu jovem, você é oficialmente um poeta".
Às vezes é até difícil admitir.
Não é?
Mas, então.
Ingenuidade poética
pode vir várias vezes...
ou não.
O sintoma mais comum é excesso de sentimento nas palavras.
Faz sentido sermos ingênuos às vezes,
para passarmos para o papel nossos sentimentos
acabamos deixando tudo à flor da pele
e tudo passa meio despercebido,
mas tudo tem seu limite.
É só saber dar um tempo,
que isso passa.
Só não deixa cicatriz,
então não é tão fácil lembrar dela.