Ainda é tempo
Não demores, meu amor,
Há muito se vai meu viço
O tempo, por mais que implore,
Comigo tem compromisso.
Me visita todo dia.
É um amante voraz
Já lhe entreguei quase tudo,
Mas ele sempre quer mais
Minhas mãos , tão expressivas,
Já não vestem as palavras
O tempo as algemou,
Tornou-as mudas, escravas
O sorriso, antes vermelho,
Vestiu-o de amarelo,
Mas insiste em se abrir
E entre rugas o revelo.
Do olhar levou o brilho
Hoje de um azul sem graça
Só deixou nele um riacho
De água que nunca passa.
Mas, amor, se tu me vens,
Eu até me reinvento
A mulher, quando amada,
Sabe enganar o tempo