Ainda é tempo

Não demores, meu amor,

Há muito se vai meu viço

O tempo, por mais que implore,

Comigo tem compromisso.

Me visita todo dia.

É um amante voraz

Já lhe entreguei quase tudo,

Mas ele sempre quer mais

Minhas mãos , tão expressivas,

Já não vestem as palavras

O tempo as algemou,

Tornou-as mudas, escravas

O sorriso, antes vermelho,

Vestiu-o de amarelo,

Mas insiste em se abrir

E entre rugas o revelo.

Do olhar levou o brilho

Hoje de um azul sem graça

Só deixou nele um riacho

De água que nunca passa.

Mas, amor, se tu me vens,

Eu até me reinvento

A mulher, quando amada,

Sabe enganar o tempo

Emília Casas
Enviado por Emília Casas em 28/12/2006
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