Fugidio Verso
Chegam palavras
movem-se pensamentos
brotam sentimentos:
surge o verso.
Mas foge célere
sinuoso, escorregadio mesmo.
Onde papel e lápis
que o domem, moldem, capturem?
Fugidio verso,
escapa, indomável,
na pressa do momento
no rolar dos minutos
no dançar dos pensamentos.
Voltará, quem sabe,
na magia de um segundo
num olhar doce, sereno,
profundo.
Estará, talvez, logo ali
no dobrar de uma esquina,
ou então não,
escondeu-se para sempre
quieto, sossegado, silente,
imóvel,
no apagar do mundo,
nos confins da mente.
Lu Narbot
Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004