O Pássaro de Hermes

Voando livre pela escuridão

Séculos passei

Esperando ser à realidade de volta trazido

Por olhos da cor da lua

O sonho de uma noite

A prece de uma alma

O pássaro das sombras

Que ao infinito abre suas asas

O ilimitado horizonte

Que a mim nega passagem

Pois aqueles com coração de neve

São os únicos que a ele podem atravessar

“Não chore, belo pássaro.”

Diz-me o horizonte

“Os olhos que procura eu irei lhe dar”

Então o mar a mim sorriu

Transformando suas águas em mãos

Que as minhas seguraram e a

Minha alma hipnotizou

Mas que tolo fui

Ao no horizonte acreditar!

O mar minhas asas cortou

E em suas águas me jogou

Pelas correntes de gelo aprisionado

Desesperado, gritei

O mar de mim riu:

“Pobre pássaro tolo! A mim agora pertences!”

Ao mar chorei

E pela liberdade implorei

O mar a mim não deu ouvidos

E ao meu coração com barras de ferro trancou

Anos se passaram

Preso eu estava

Até que a mim sorrindo e libertando

Um estranho ser apareceu

“Quem és tu?”

Ao estranho perguntei

“Sou Hermes”

Ele respondeu

Minhas correntes por Hermes

Foram quebradas

Minha liberdade devia

Ao ser que me encontrara

“Como a ti posso agradecer?”

Hermes riu à minha pergunta ouvir

“Sejas meu, belo pássaro. Terás tua liberdade, mas a mim pertencerá”

Ao pedido eu acatei

E hoje, milênios após a armadilha do horizonte,

Ainda sou o que me tornei

No momento em que o mar deixei

Sou o pássaro de Hermes