Marabá.

O teu povo aprendeu a navegar,

O meu deseja sobreviver.

O teu a disputar,

O meu a conviver!

Teu povo criou armas,

Tomando por inimigo quem dissesse não.

O meu sabe que superar os carmas

É garantia de paz neste chão!

Teu povo aprendeu, com a violência,

A tomar tudo o que queria.

O meu aprendeu que a sapiência

Faz superar um novo dia!

Teu povo sabe que com um tiro

Pode-se ferir uma nação.

O meu sabe apenas que o último suspiro

Não põe fim a uma missão!

O teu povo só deseja a guerra,

Destruir e conquistar.

O meu convive com a terra

Entre o céu e o mar!

Teu povo dilacera o que tem

E aquilo que pertence a outros.

O meu só deseja o bem

Com o que nos resta, que é pouco!

Teu povo não quer a paz,

Mas sim seduzir, procriar.

O meu já não tem como voltar atrás,

Precisa apenas continuar!

Teu povo destrói a vida

E corre atrás de outras,

Planta parasitas nas margaridas

E suga outros povos com fúria louca!

Teu povo faz a agonia

Surgir, brotar do chão.

O meu só quer a poesia

Brotando na palma da mão!

Teu povo construiu canhões,

Gerando agonia e dor.

O meu só quer canções,

Carinho, doçura e flor!

Teu povo fez a espada

E inventou o desespero.

O meu só fez da palavra,

O bálsamo contra o medo!

Teu povo é igual a tu,

Que destrói sem conhecer,

Sem ver que sob o céu azul

Também precisa sobreviver!

Teu povo varou o espaço

À procura de conhecimentos.

Porém, perdeu-se nos próprios passos,

Sem paz e contentamento!

Meu povo não quer devastar,

Nem tampouco transgredir.

Meu povo, marabá,

Quer apenas prosseguir!