O Rancho
Foi na sombra da oiticica,
la canto do meu roçado,
limpei todo aquele mato,
e depois foi bem ciscado,
lugar que serei beneficiado.
O potimho de água fresca,
na forquilha de três era posto,
nas horas de sede, éo socorro,
deixo a enxada e pra lá corro,
de cuia cheia bebo a gosto.
Ao chegar a hora de almoço,
sento na pedra e como o feijão...
depois me estiro na areia fria,
cochilo com os pássaros em alegria,
uma das coisas do Sertão.
A natureza nos dá tranquilidade,
debaixo daquele cenário,
na presença do meu Amor,
que alí fazia o café, que sabor!
quase não se percebia o horário.
Era momento de deixar o rancho,
bater a enxada e ir pro roçado,
lamento o peso do trabalho,
ansioso, vejo o meu quebra galho,
ai digo: coração fica sossegado!
É hora de reconhecer e retribuir,
por tudo que Deus tem feito,
sei que não mereço o resultado.
Sua graça faz-me bem-aventurado,
agradeço e descanso no meu leito.
Gilson Felinto