Acarinhar

São as armadilhas do seu remelexo

Que fazem enxamear os meus olhos

Para cada ponto do seu ávido corpo

Que esbanja sensualidade e desejos.

Sua boca suculenta, a dizer-me aís,

Quando nos beijamos e nos damos

Em movimentos delicados e banais,

Dita o toque prolongado e dengoso.

São estas peripécias que desnudam

Os meus segredos e sem o vil medo,

Sinto sensações únicas e lânguidas

Que me levam ao delírio e ao gozo.

Estas cálidas carícias preliminares

São os instrumentos de preparação

Para o evento final, objetivo ímpar,

Dos mitos e dos amantes inquietos.

Este acarinhar supremo e corajoso

Não deve ser esquecido ou perdido

E sim, lembrado, avivado, lambido,

Como se fosse o mel, o sexo e o cio.

Acarinhar de forma única, o outro,

É dever mútuo de amantes carnais,

E também de eventuais e vís casais

Em seus delitos marginais e banais.

Põe-me a cavalgar em seus galopes

Por entre os veios e os vários picos

E bicos, e nascentes, e vertentes, e

Desfrute do meu corpo, do meu eu.

E, quando me tiver nu e entregue,

Traga à luz seus doces predicados,

Esqueça os possíveis e vís pecados

Ora escondidos, ora atormentados.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 27/12/2006
Reeditado em 25/09/2023
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