Acarinhar
São as armadilhas do seu remelexo
Que fazem enxamear os meus olhos
Para cada ponto do seu ávido corpo
Que esbanja sensualidade e desejos.
Sua boca suculenta, a dizer-me aís,
Quando nos beijamos e nos damos
Em movimentos delicados e banais,
Dita o toque prolongado e dengoso.
São estas peripécias que desnudam
Os meus segredos e sem o vil medo,
Sinto sensações únicas e lânguidas
Que me levam ao delírio e ao gozo.
Estas cálidas carícias preliminares
São os instrumentos de preparação
Para o evento final, objetivo ímpar,
Dos mitos e dos amantes inquietos.
Este acarinhar supremo e corajoso
Não deve ser esquecido ou perdido
E sim, lembrado, avivado, lambido,
Como se fosse o mel, o sexo e o cio.
Acarinhar de forma única, o outro,
É dever mútuo de amantes carnais,
E também de eventuais e vís casais
Em seus delitos marginais e banais.
Põe-me a cavalgar em seus galopes
Por entre os veios e os vários picos
E bicos, e nascentes, e vertentes, e
Desfrute do meu corpo, do meu eu.
E, quando me tiver nu e entregue,
Traga à luz seus doces predicados,
Esqueça os possíveis e vís pecados
Ora escondidos, ora atormentados.