NUNCA NOS AMAMOS
Escassez de detalhes
Tudo muito fugidio
Não houve suficiente elogio
Horas sumidas
Desejos sumidos
Úmidos mas sem lampejos
Beijos sem ternura
Como uma demanda
Ranços acesos sentimentos de caricaturas
Espaços pequenos
Recomeço
Novos tropeços
Indecisões...
Desconfianças corriqueiras
O pêndulo das emoções
Vão se descontinuando
As impressões vão sangrando
A distância perde espaço
Tudo se esvazia
Tornamo-nos êmulos
Caiu o nível da energia
Sintonia sem sincronia
Necessidade urgente de fuga
Nossos corpos se refugam
Nessa mistura não sentimos mais
A liberação de histamina
Nada mais combina
Nem Pierrô nem Colombina
É outro o cenário
Vou embora como um lobo solitário
Levando meu lobo frontal
Sigo a vida invertida
Não paro pra olhar pra trás
Não paro no sinal
Não quero as coisas mal resolvidas
Risco um fósforo na escuridão irreal
Meu verbo vai de encontro
Ao teu encontro consonantal...
Estávamos tão próximo do fim
Como o peixe está para o pescador
O problema estava no começo
E não neste ponto final.