SABE COMO É?

Sabe como é, meu bem: você chegou tarde,

ou eu adiantada.

Não estou mais vestida, estou nua,

não sou mais pura nem desesperada.

Sou viva, ainda.

Felizmente(?)

Sou feita gente,

enfim e finalmente, e como dói.

É como areia nos olhos e gemidos de faróis.

Eu monstro pré-histórico das profundezas

amando os sons de uma torre e à sua voz,

atendendo ao chamado em noites limpas,

ou de névoas, eu presa

Do sonho inútil de encontrar um final.

Não há nenhum, e é tudo tão banal

Que rio e berro, de encontro à torre

Ela que é o grito do meu semelhante

Que me conforta e destrói,

ainda mais que antes.

A torre!

A torre que a noite oculta, e sinaliza o meu adeus...

Então, melhor matar, antes que seja ela como sou eu:

Inútil.

Fútil, como uma vida falsa.

Ou mesmo um pesadelo

de Lua ou sonho de valsa,

brilhando, como uma luz de neon.

Não há,

Na noite,

Mais nenhum som.

Volto ao fundo do mar...

E isto é tao bom...

A partir de:

A Sirene do Nevoeiro

(The Fog Horn)

DE RAY BRADBURY

Iama K
Enviado por Iama K em 21/10/2011
Reeditado em 09/06/2013
Código do texto: T3290640
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