Olhos do gado
O homem interiorano
Impressiona pelo singular
Qualquer duplo de sentido
É falha suspeitosa.
Chapéu, cigarro, cachaça licorosa
Do plantio de arroz quase a fartura
Mas a cidade não lhe ampara
Nem desampara
Apenas fixou no tempo,
Ausência e memória.
Há quem discurse o progresso
Da forma suada e marulhosa
Há quem gaste o amanhã
Na poeira espumosa
Há quem dispense arreios
Na gavalgada ulcerosa.
O pássaro mergulha só.
Recuado no vapor da aurora
Num longe mais que distante
De olhar, consulta, não graceja
Exceto por constatação.
O gado ali no pasto
Sem ponto ali, o gado
Pelo singular do homem
O gado, os olhos do gado.
A polidez do homem
Polidez lacônica
A polidez, a mesma
Dos olhos do gado.