O Lamento do Poeta
Se canto o lamento isolado e frio
Dos poetas malditos da infâmia,
Dizeis que sou acre, dizeis que sou lâmia,
Ou ouropel sem qualquer atavio.
Se repouso no seio dos abnegados,
Na enxerga caveirosa dos sem lei...
Que direi, ai Senhores, que direi
Aos meus versos por vós decapitados?
Recolho-me nas quimeras pungidas,
Nos lábios flagelados p'las frieiras,
E do peito, as tormentosas pieiras
Recolho-as, ai Senhores, falecidas.
Adeus, adeus... levai o canto penoso,
Mas levai, também, o fétido osso...