Lágrimas
Há quantas lágrimas em nós?
Quantas tantas lágrimas temos a derramar?
Quantas tantas teremos para consumir nosso ser?
Há lágrimas retidas em olhos de orgulho.
Olhos que não deixam escapar a dor,
Contendo as lágrimas e endurecendo o coração.
Há lágrimas vindas em explosão de desespero
Derramam-se e percorrem por todo o ser.
Ser amargurado,
Ser amolecido de tristeza,
Ser amortecido de dor.
Lágrimas que chegam sorrateiras
Em um cantinho do olhar ingênuo
Da pureza que foi atingida
Em golpes de deslealdade.
Lágrimas não são só lágrimas.
Lágrimas falam
O que o ser silencia por medo.
Lágrimas gritam
Quando a saudade rasga a alma.
Não sei quantas são as lágrima.
Não sei quando terão fim.
Nem sei se findarão
Em meu ser,
Em teu ser.
Sei que chegam
E não olham o pranto que desabrocham.
Lágrimas sem cor,
Sei cheiro.
Tantas são contidas em mim
E sufocam meu ar.
Há tantas e quantas lágrimas então?
Há lágrimas que vem
Acompanhadas do sorriso
Da esperança
E falam de uma nova vida.
Há lágrimas que descem em forma de pétalas
E deixam o sabor da saudade,
Do adeus,
Ou chegam no tempo do reencontro.
Que lágrimas não foram sentidas?
Que lágrimas não foram derramadas?
Conheces?
Que face não te conhece então lágrima?
Lágrimas doem e prevalecem.
Estão em todos e pertencem as todas as faces
Estão em todas as fases:
Do viver
Ao morrer!
Não fazem reservas.
Nem anunciam a temporada.
Chegam!
Ora avisam,
Ora invadem.
Quando vem no calor do amor,
Chegam a nutrir o ser.
Quando são sentidas na força da união,
Chegam a fortalecer a alma.
Não findam
Ficam em guarda.
Qual o momento?
Elas escolhem.
Lágrimas, quantas são?
Em mim
Em ti
Em todos?
De tudo
Há a certeza que a todos pertences
Fazendo morada
No canto do pranto de um olhar.
Publicada na ANTOLOGIA POÉTICA – I CONCURSO NACIONAL NOVOS POETAS – 2011 – PRÊMIO AUGUSTO DOS ANJOS