RETICÊNCIAS
A vida em reticências,
nunca em ponto final.
Nada pode ser dito
sobre o que não fiz.
Não posso sofrer a dor
dos amores que não conheci.
Tampouco posso temer
o que não se sabe ao certo
se ainda estar por vir...
Não aprecio o frio,
nem me adapto ao morno.
Prefiro sempre o calor...
Por isso esquento no fogo
os meus desejos mais loucos
para que tenham força
de se realizar.
Gosto de arder em todas as estações,
de viver agarrada ao último suspiro do dia
e adormecer com o último gemido da noite...
Gosto é de amar feito louca
e sofrer de tanto amar...
Gosto de desafiar os limites,
transgredir, vez por outra,
de beirar o precipício,
correr contra o vento,
De banho na chuva de verão,
de sorrir, de cantar, saudar a vida, enfim...
E assim, agarrada a ela,
vou tecendo o meu destino...
Sempre reticente... Não posso parar... Não agora...