RETICÊNCIAS

A vida em reticências,

nunca em ponto final.

Nada pode ser dito

sobre o que não fiz.

Não posso sofrer a dor

dos amores que não conheci.

Tampouco posso temer

o que não se sabe ao certo

se ainda estar por vir...

Não aprecio o frio,

nem me adapto ao morno.

Prefiro sempre o calor...

Por isso esquento no fogo

os meus desejos mais loucos

para que tenham força

de se realizar.

Gosto de arder em todas as estações,

de viver agarrada ao último suspiro do dia

e adormecer com o último gemido da noite...

Gosto é de amar feito louca

e sofrer de tanto amar...

Gosto de desafiar os limites,

transgredir, vez por outra,

de beirar o precipício,

correr contra o vento,

De banho na chuva de verão,

de sorrir, de cantar, saudar a vida, enfim...

E assim, agarrada a ela,

vou tecendo o meu destino...

Sempre reticente... Não posso parar... Não agora...

Fabiana Gusmão
Enviado por Fabiana Gusmão em 20/10/2011
Código do texto: T3288415