A NOITE GORDA

Discute bem no boteco

Em aquém-argumentos

Sua recém-alegria sem fundamento

De nem falar coisa com coisa

Bota pendura na conta

Das cervas geladas

Caçoa do calote na calçada

Et cetera, coisa e tal...

Desvia de porrada na cara

Foge d'um, dois tecos

De espingarda

Na descida da ladeira

Rumo à esquina da bocada

Ouve o batuque partido-alto

Um samba de responsa

Ao coro da velha guarda...

Suspira suspense

No silêncio do entreato

À espera do novo abre-alas

Na avenida lotada

Café amargo passado na cara

Pr’a quebrar a pingaiada

Na rua vira voyeur d'uma foda louca

De muro levar esporrada...

A água borbulhando sonrisal

A vida suspensa, inusual, se escancara

A noite bastarda é a gorda

De terça de carnaval

Por ora solto, o vagabundo

Veste nonsense em tudo

Inocente, fantasia-se de bacanal

Seu deleite banal de fim de mundo

: Que amanhã volta tudo ao normal