Alberto

Alberto estava aberto

Subiu as nuvens e lá

colou palavras de papel nas paredes do céu

Para Alberto não existia tempo

pois Alberto estava aberto

E para Alberto, é certo,

não existia tempo concreto

Na Terra Alberto era velho

de barba branca e careca

Mas no céu brincava com barbantes

cuspia no chão e tirava meleca

(Vez em quando batia papo com Aristóteles e Platão)

Em vida Alberto lia pilhas de livros

com óculos de lente roxa...

(e para qualquer coisa sempre explicava com a filosofia da página 53 dos filósogos existencialistas e dos pensadores filosofistas)

Mas no céu não!

Não pensava em viver

Vivia para aprender

Lá no céu Alberto não se lembrou da sua moléstia de velho

Pois lá não tinha nem pentelho.

E lá perto do horizonte laranja e morno

(nas quintas do paraíso)

Tomava banho numa praia gelada

e depois ia correndo para casa recortar palavras num jornal

e mostrar à sua mãe

Lia:

"Sol , bonito, caracol"

e ela broncava:

"O Sol é bonito mas não tem caracol!"

Então Alberto, é certo,

Ia correndo para seu pai

Beijava suas mãos e chorava de peito aberto;

Lá em baixo, na Terra,

A chuva caía

A tempestade entornava

E suas doces lágrimas melavam as árvores

enchiam os rios e alimentavam os peixes.

Denis Acorinte
Enviado por Denis Acorinte em 18/10/2011
Reeditado em 12/11/2011
Código do texto: T3284145
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