ESMURRAR COM CALMA
É comum chamá-lo ao lar
Na tentativa de tê-lo em mim.
Sem nunca deixá-lo escapar
Da poesia, início e fim.
Sinto por escrever palavras duras
Ferindo os seres que não merecem.
E quando diante mim se esquecem
Estendendo-me suas mãos puras.
A angústia explode o peito e empurra
O chicote do meu ser em plena surra
Rogando-lhe que só tenhas calma.
É assim que o meu pensar esmurra
Um heterônimo que vem e se espalma
Num peito que tem mais de uma alma.