OUVI DIZER
As notícias voam
como pragas a dizimar,
ouvi dizer de cicrano
e beltrano
que na virtualidade banal
todos dizem sem refletir,
depois se escondem num codinome venal
e vamos iludir!
Pra mim as poesias são duros recados,
pra outros harmonia,
rimas amenizando os rabiscos,
e vozes contam mistérios dos legados
das repicas e tréplicas
o inverso do verso,
mas tranqüilidade! não estou inserido nesses riscos;
Ouvi dizer por aí
que já não há bagagem
para a rápida fuga,
fica tudo na amostragem
de uma grande sacanagem,
de quem chega, olha e aluga,
se liga, se pluga!
Haverá sempre um instante
uma verdade latente,
um sentimento distante,
ouvi dizer tudo isso
da boca de fulano
poeta de pano,
poeta de barro,
fui o alvo do sarro.
Ouvi dizer muito mais,
sobre serenidade
sobre beijo e abraço
em qualquer lugar, em qualquer espaço,
não se oponha
o que antes sentia vergonha
agora é demonstração de felicidade,
sinal dos tempos!
As notícias voam
cruzam os ares, passam pelos bares
eu vou seguindo o conto;
Já falei do meu encanto
e desencanto?
18/12/06
ANDRADE JORGE