Da jandaia
Jandaia não é bicho ave
Pois vi na ponta da palmeira
Jandaia chamar meu nome, dizendo:
- Poeta, chega aqui pra eu te contar:
Ainda ontem chegou gente, aí na frente
E nem viu a arte
Que eu estava a cavoucar
Esculpindo em coquinhos meu bico
Despejando no chão
Cascalhinhos pra chá
Que curasse a cegueira do mundo
Pra jandaia que quer prosaear
com os olhos de quem enxerga poesia
Na verdura de penas e folhas
Estou vendo que poeta não é gente
É jandaia, que também não é bicho ave
É artista dos átomos da terra
Que nos dançam poeira a frente do olhar