Lamento

Homenagem ao Rio Paraíba do Sul - o rio de minha vida!

Terra

Água – vida

Oceanos – mares

Lagos...

Rios.

Rio Paraíba do Sul.

Nasço de gêmeos e me torno único.

Paraibuna e Paraitinga perdem as suas identidades

Para que, corajoso, lutador, desbravador

Eu surja como um gigante

Capaz de tirar de minhas vísceras

A minha sobrevivência

A minha re-ligação com a vida,

O meu ressurgir lutando,

Enfrentando enchentes,

Catástrofes,

Secas... mazelas do meu viver.

Nasço tímido

Vigiado e seguindo a Serra do Mar

Sou barrado pela Serra da Mantiqueira

E mudo o meu caminho

Não o meu jeito de caminhar

Vou para nordeste, depois leste

Onde encontro o Atlântico.

Mas entre oeste, nordeste e leste,

Mar e Mantiqueira

Aventuras e desventuras não me faltam.

Minha existência tem início em São Paulo,

Na Serra da Bocaina.

Existência meio tumultuada

Para justificar a minha sina,

Para dar sentido à minha vida.

Sou cheio de declives

Sinuoso,

Cachoeiras,

Corredeiras

Hoje, usadas para o lazer.

Poluição...

Oh! Como dói!

As indústrias, necessárias,

Lançam poluentes em mim,

Lançam dejetos industriais,

(quanta indigestão)

Vivo empanturrado de esgoto doméstico

Lixo

Produtos tóxicos

Erosão do solo

Assoreamento

Prejuízo à flora e à fauna

Pesca predatória do que resta

(Robalos, tainhas, piabas, lagostas...

O que é de vocês?)

Mas os peixes resistem

Resistem em mim, por mim

Estiagem

Desmatamento

Barragens reguladoras

Barragens a fio d´água

Extração de areia

Transporte de cargas tóxicas

(um governador tomou banho em meu leito)

tentando mostrar que eu não morrera).

Pobre gente

Aquele desastre

Este desastre ecológico.

Quanta desgraça

Quanta dor eu senti

Pela irresponsabilidade dos homens.

Homens!!!

Quando acordarão para a vida?

Vida que é para ser vivida com dignidade

Sem agressão

Sem dor

Sem destruição.

Sou forte,

Valente,

Guerreiro,

Vivo.

Sou caminho,

Elo,

Ponte,

União,

Ligação.

Pobre gente

Aquele desastre

Este desastre ecológico.

Quanta desgraça

Quanta dor eu senti

Pela irresponsabilidade dos homens.

Homens!!!

Quando acordarão para a vida?

Vida que é para ser vivida com dignidade

Sem agressão

Sem dor

Sem destruição.

Sou forte,

Valente,

Guerreiro,

Vivo.

Sou caminho,

Elo,

Ponte,

União,

Ligação.

Nasço a cada dia

Pois de meu leito castigado

Brota fé e esperança

Por um mundo de paz,

Prosperidade,

Luta,

Vida,

Onde todos me respeitem

Não quando eu estiver em “minha última morada”

Mas hoje,

Agora,

Imediatamente.

Urge uma ação,

Reação,

Posição.

Preciso da ajuda de todos:

Homens grandes,

Grandes homens

Com idéias e ideais grandes.

Salvem-me!

Agonizo

Mas estou lutando,

Pois faço de cada amanhecer

Um novo dia

Um dia novo para lutar

Salvar-me

E resistir a tudo e a todos.

Sou o Paraíba do Sul

Guerreiro e lutador.

Vava Maia
Enviado por Vava Maia em 26/12/2006
Código do texto: T328187
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