Vaqueiro de Porto da Folha

*** Este poema, de minha autoria, tem sua fonte de inspiração na leitura do texto no qual, nestes dias, estou trabalhando como revisora. Trata-se da obra O VAQUEIRO DE PORTO DA FLOLHA/SE, do meu ex-aluno, Antonio Carlos Du Aracaju, cantador, compositor; vaqueiro, maçom, meu amigo e colega do MAC (Movimento de Apoio Cultural Dr. Antônio Garcia Filho). Da Academia Sergipana de Letras.

Montei no lombo do meu cavalo

Vesti o terno, meu gibão de couro

Me embrenhei na caatinga

Aprendi a aboiar

Êeeeeeeeeeeee......boiêeeeeeeeeeeeee

Com os alforjes cheios de queijo, farinha e carne seca

Me estrepei nos espinhos dos cactos

Pus nos cabelos a flor do mandacaru

Atravessei rios a vau

Vi o chão secar, virar torrão de barro

Na bodega, junto com meus companheiros,

Tomei umas lapadas misturadas com caju

Quando o galo amiudou

Saí nos costados do boi Zepelim

Fiz parada na Fazenda de Pajeú

Chorei na cancela

Lancei meu grito além do horizonte

Meu patrão dormindo

Contei no céu as estrelas

Pari tanto menino

Dormi na esteira

Cozinhei panelões de buchada

Moringas e panelas de barro

Lavei com a água da chuva

Que destruiu meu milharal

Toquei sanfona, cantei toada

Com Luiz Gonzaga dancei o forró

Na Festa do Vaqueiro

Eu arrastando a sandália

Ele pisando o roló

De novo pelo sertão eu cavalguei

No meu cavalo ligeiro

Me meti no curral

Ajudei vaca braba a dar cria

Nasceu o bezerrinho

Quanta alegria

Criei os fiu como bode

Cabriolando no terreiro

Da natureza sou vigia

O sol queimando meus braços

Êeeeeee... boiêeeeeeeeeeeeeeeee

Um fiu foi pro cangaço

Aprendi a costurar, fazer sela e perneira

Mirei o descampado

Os chifres dos bois mortos

Apontando pra todo lado

Na garganta senti um nó

Uma saudade, nem sei

Outro mundo eu não conheço

E o sinhozinho fazendeiro

Este,sim, é o meu rei

*** Nos comentários coloco dois links que podem ser copiados e colocados na barra de pesquisa do seu PC onde vcs podem ver e ouvir ANTONIO CARLOS DO ARACAJU, vaqueiro buraqueiro.

Solicitarei a permissão de Antonio para presentear aos amigos do Recanto das Letras com um excerto do seu livro.