quando eu morrer

quando eu morrer

não quero fita amarela

gravada com nome algum

muito menos choro e vela

só faltava essa

quando eu bater as botas quero que a cachola minha

metade gringa metade pau-de-arara

aninhada seja numa rede linda no exato centro de um mausoléu

de música barroca gótico silêncio e mármore de Carrara

quero que os pedaços inda frescos e sanguinolentos

de meu corpo enfim livre e elegantemente esquartejado

a um lobo solitário –guará ou gaulês- sejam doados

por fim quero que o meu coração

este bardo bebum

com seus irmãos seja enterrado

numa vala comum

by@wanda lins

(D.A.)reservados