Quase um lamento...
A casa ficou grande, de repente
Um silêncio ensurdecedor ecoa pelo corredor e,
Um frio intenso, gela-me por dentro...
Tenho medo de não aquecer-me novamente!
Sinto falta da bagunça das crianças...
As coisas todas no lugar, é muito estranho
Nada fora de ordem, nada de espanto,
Nenhum riso, nenhum ranço...
Cada velho no seu canto,
Um corpo adormecido diante da tv,
Outro a resmungar no computador...
Ao longe, do sabiá, ouve-se o canto,
Egoísta! Como podes desconsiderar minha dor e,
Cantar assim alegremente, ao gemer dolente desse abandono, indiferente?
Talvez nos acostumemos, talvez as coisas mudem...
O riso das crianças volte a preencher esses vazios, novamente e,
Ao sabiá farão coro, imitarão seu assovio... inda que cante triste, a saudade dos aromas de outros outonos...