NÃO ERA EU

Às margens do rio

Não me deparei comigo

Aquela súplica, aquele temor

Longe dos caminhos da razão

Não era eu

Eu não me reconheci no reflexo

E o que é pior

Tampouco me estranhei

A beira do esquecimento

Perdi inteiramente a identidade

Não havia pedaços de mim

Nenhuma parte daquele ser reclamava seu verdadeiro dono

Longe, muito longe dali estava eu

Alheia aos pormenores emotivos

Distante da embriaguez das paixões

Tanta falta de lucidez, tanta irracionalidade

Agora vejo num súbito lampejo de alívio

Não era eu.

Janina Dias
Enviado por Janina Dias em 16/10/2011
Código do texto: T3279783