NÃO ERA EU
Às margens do rio
Não me deparei comigo
Aquela súplica, aquele temor
Longe dos caminhos da razão
Não era eu
Eu não me reconheci no reflexo
E o que é pior
Tampouco me estranhei
A beira do esquecimento
Perdi inteiramente a identidade
Não havia pedaços de mim
Nenhuma parte daquele ser reclamava seu verdadeiro dono
Longe, muito longe dali estava eu
Alheia aos pormenores emotivos
Distante da embriaguez das paixões
Tanta falta de lucidez, tanta irracionalidade
Agora vejo num súbito lampejo de alívio
Não era eu.