Ciranda de Anjos
CIRANDA DE ANJOS
Anjos e Arcanjos,
guirlandas, tiaras,
e laços de fitas.
O céu em festa...
os querubins se entreolham...
O celular toca...
Psiu! Desliga... Silêncio!
Não ouse perturbar
a paz celestial.
Mãos dadas caminham.
Olhares apaixonados,
beijos furtivos, roubados,
com sabor de pecado.
Rua sem calçamento,
serpenteando entre zínias ,
campânulas e grindélias.
Poças de água da chuva,
refletindo o clarão da lua cheia.
Perseguidos, ele foge.
Pesarosa ela fita o campo de trigo,
o dourado a seduz.
Colhe um delicado feixe
que atado com uma fita branca de cetim
fica com ares nupciais.
O casarão da esquina
tem enorme calçada de pedras,
bordas ornadas de minúsculos musgos,
delicadas avencas e samambaias.
Ali a pequena querubim
espera, mas ele não voltará.
Desolada, adormece
deixando cair o feixe de trigo...
O laço nunca mais será
tão branco!