Ciranda de Anjos

CIRANDA DE ANJOS

Anjos e Arcanjos,

guirlandas, tiaras,

e laços de fitas.

O céu em festa...

os querubins se entreolham...

O celular toca...

Psiu! Desliga... Silêncio!

Não ouse perturbar

a paz celestial.

Mãos dadas caminham.

Olhares apaixonados,

beijos furtivos, roubados,

com sabor de pecado.

Rua sem calçamento,

serpenteando entre zínias ,

campânulas e grindélias.

Poças de água da chuva,

refletindo o clarão da lua cheia.

Perseguidos, ele foge.

Pesarosa ela fita o campo de trigo,

o dourado a seduz.

Colhe um delicado feixe

que atado com uma fita branca de cetim

fica com ares nupciais.

O casarão da esquina

tem enorme calçada de pedras,

bordas ornadas de minúsculos musgos,

delicadas avencas e samambaias.

Ali a pequena querubim

espera, mas ele não voltará.

Desolada, adormece

deixando cair o feixe de trigo...

O laço nunca mais será

tão branco!

Iranilda Resende
Enviado por Iranilda Resende em 15/10/2011
Código do texto: T3278644
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