Cicatriz da Poesia

Desato as mãos, fecho os olhos ,

calo as cores do dia, o sal das palavras

acorrentando a alma sem ponto de fuga

tento jogar sementes do meu espelho

a colheita se houver tempo

de beber a sede do meu poço

nos campos desfolhados de poesia

o que a mim couber por herança

vazia , hoje nada mais tenho

somente a lua no fundo do copo

no vão do caminho do vento

onde a noite cobre meu sonho

neste mundo tão escuro

mesmo sendo tão turvo

nunca se apagará a raiz

no rosto da água

nem a cicatriz da minha poesia .

25/12/06

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 25/12/2006
Reeditado em 25/12/2006
Código do texto: T327775