Cicatriz da Poesia
Desato as mãos, fecho os olhos ,
calo as cores do dia, o sal das palavras
acorrentando a alma sem ponto de fuga
tento jogar sementes do meu espelho
a colheita se houver tempo
de beber a sede do meu poço
nos campos desfolhados de poesia
o que a mim couber por herança
vazia , hoje nada mais tenho
somente a lua no fundo do copo
no vão do caminho do vento
onde a noite cobre meu sonho
neste mundo tão escuro
mesmo sendo tão turvo
nunca se apagará a raiz
no rosto da água
nem a cicatriz da minha poesia .
25/12/06